sábado, 8 de agosto de 2009

A origem religiosa da enfermagem





A enfermagem é, a par da reprodução, o mais antigo dos ‘deveres’ impostos às mulheres nas sociedades humanas. Há cem anos atrás, tornou-se, contudo, a primeira profissão feminina, organizada pelas próprias mulheres, como sugere Bingham no seu livro Ministering Angels.

A origem etimológica da palavra inglesa nurse : vem do francês antigo nurrice (a pessoa que amamenta um bebê ou que cuida de uma criança), do latim tardio nutricia (ama, ama seca), que deriva por sua vez do latim nutrix (a pessoa que alimenta, ama).

Atuação
Historicamente, o foco de atenção da Enfermagem tem sido as necessidades relevantes de saúde e bem-estar do indivíduo, família e comunidade. A enfermagem é uma profissão que integra a ciência e a arte no cuidado do ser humano, com a finalidade de promover, manter e restaurar a saúde.

Para definir sua atuação, a Enfermagem busca a compreensão da origem e desenvolvimento dos agravos à saúde humana, em seus vários aspectos: biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Na essência, os atos da Enfermagem visam a síntese entre arte e ciência, filosofia e técnica, e entre o social e natural. Dedicação, paciência, espírito de liderança, senso de humanidade e disposição para trabalhar em equipe são algumas das qualidades esperadas de um enfermeiro ou enfermeira.

Passando a limpo
1. A Enfermagem não é um ato de caridade. É uma profissão regulamentada e reconhecida por legislação própria e autônoma.

2. O enfermeiro não é um profissional ligado exclusivamente à área assistencial. Na verdade, o enfermeiro é um profissional altamente preparado para atuar em todas as áreas da saúde: assistencial, administrativa e gerencial.

3. O enfermeiro não atua exclusivamente em hospitais. Além de hospitais, o enfermeiro atua em todas as instituições ligadas à saúde, como unidades de saúde, instituições públicas e privadas, ensino, universidades, escolas, fábricas na área de saúde do trabalhador, sindicatos, domicílio e outras.
Fonte: Portal Educacional

Dia Internacional da Enfermagem

Enfermeira

Dia do Enfermeiro e Dia Mundial da Enfermeira
Neste dia, é feita uma homenagem mundial a Florence Nightingale, considerada a fundadora da enfermagem moderna. Florence nasceu em 12 de maio de 1820, em Florença, Itália. Em 1844, foi para Roma, para aprender a cuidar dos enfermos nas irmandades católicas. Terminados os estudos, julgou insuficientes seus conhecimentos e decidiu continuar estudando. Foi para Dublin, Irlanda, para trabalhar em um hospital dirigido pelas Irmãs de Misericórdia da Ordem Católica de Enfermeiras.

A partir daí, sua atuação foi intensa e incessante junto dos desvalidos; atuou em guerras e em diversas enfermarias. Em 1860, fundou a primeira escola de enfermagem do mundo, em um hospital inglês. Para realizar essa obra, utilizou um prêmio que recebera do governo inglês pela sua dedicação aos feridos de guerra. Florence trabalhou até os últimos dias de vida, vindo a falecer na Inglaterra, aos 80 anos.

A principal tarefa do enfermeiro é assistir os doentes, com o objetivo de promover sua recuperação. O enfermeiro é um auxiliar direto do médico e cuida dos pacientes internados em hospitais, clínicas ou nas residências. Ele é também treinado para observar clinicamente cada doente, relatando mudanças do seu estado de saúde.

Os enfermeiros se organizam hierarquicamente. O enfermeiro-chefe, de formação superior, gerencia os técnicos em enfermagem, além de controlar o uso do material médico-hospitalar, seguindo a prescrição médica.

No Brasil, os primeiros enfermeiros foram os padres jesuítas que atuaram nas Santas Casas de Misericórdia, desde 1540. Depois de três séculos, chegaram ao país as primeiras irmãs de caridade enfermeiras. Mas o grande incentivo para a classe chegou com a primeira enfermeira voluntária, Ana Nery, que aos 51 anos serviu como enfermeira na Guerra do Paraguai. Com a criação da Cruz Vermelha Brasileira, a profissão ganhou mais fôlego, culminando com a Escola de Enfermagem Ana Nery, fundada e mantida por essa organização e ser declarada "escola-padrão" em 1938.

O Dia do Enfermeiro foi adotado no Brasil por meio do decreto no 2.956, de 10/8/1938, assinado pelo presidente Getúlio Vargas. Além dessa data, a profissão também é homenageada na Semana Brasileira de Enfermagem, de 12 a 20 de maio, quando os Conselhos Regionais de Enfermagem promovem encontros, palestras e outras atividades, de acordo com o decreto no 48.202, de 12/5/1960, assinado pelo presidente Juscelino Kubitschek.

Fonte: www.paulinas.org.br

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O mito do cuidado


Gostaria de propor uma reflexão para os iniciantes da vida profissional na Enfermagem, trazendo uma mensagem que tem como base uma lenda antiga, da época dos gregos e dos romanos chamada O Mito do Cuidado. Constitui-se em uma alegoria de extrema beleza, que nos leva a pensar sobre o sentido da Enfermagem e sobre o destino do ser humano. Recordar os mitos de origem da antigüidade, na atualidade, nos ajuda a entender o sentido dos arquétipos da humanidade. São quatro os personagens deste mito: Júpiter, Saturno, Terra e Cuidado. Na mitologia, Júpiter: é o deus-rei de todos os deuses; Saturno: é pai de Júpiter, era o deus do Tempo, da Abundância e da Igualdade entre os homens; Terra: a deusa-mãe, era a mãe de Júpiter e de vários outros deuses, representava as origens, a força de vida original no mundo; e Cuidado: era uma entidade comum—não era uma deusa nem semi-deusa.

Diz a lenda que,

"Um dia, quando Cuidado pensativamente atravessava um rio, ela resolveu apanhar um pouco de barro e começar a moldar um ser, que ao final apresentou a forma humana. Enquanto olhava para sua obra e avaliava o que tinha feito, Júpiter se aproximou. Cuidado pediu então a ele, para dar o espírito da vida para aquele ser, no que Júpiter prontamente a atendeu. Cuidado, satisfeita, quis dar um nome àquele ser, mas Júpiter, orgulhoso, disse que o seu nome é que deveria ser dado a ele. Enquanto Cuidado e Júpiter discutiam, Terra surge e lembra que ela é quem deveria dar um nome àquele ser, já que ele tinha sido feito da matéria de seu próprio corpo—o barro. Finalmente, para resolver a questão os três disputantes aceitaram Saturno como juiz. Saturno decidiu, em seu senso de justiça, que Júpiter, quem deu o espírito ao ser, receberia de volta sua alma depois da morte; Terra, como havia dado a própria substância para o corpo dele, o receberia de volta quando morresse. Mas, ainda disse Saturno, "já que Cuidado antecedeu a Júpiter e à Terra e lhe deu a forma humana, que ela lhe dê assistência: que o acompanhe, conserve sua vida e lhe dê o apoio enquanto ele viver. Quanto ao nome, ele será chamado Homo (o nome em latim para Homem), já que ele foi feito do humus da terra"*.

Pensemos na palavra latina para Cuidado que é CURA—e por isso este mito também é chamado de "o mito de CURA". Mas consideremos o sentido de CURA de maneira mais ampla do que entendemos a palavra cura hoje em dia: CURA como CUIDADO, e CUIDADO em nosso sentido moderno como assistência —sentido este que preserva a essência do que entendemos ainda hoje como sendo a tarefa primordial da Enfermagem. Mais do que uma tarefa, a Enfermagem hoje é um conhecimento, uma profissão que tem delimitadas a sua competência e sua especificidade—que ainda se ligam à idéia original de "um olhar e uma ação assistencial ao ser humano, estreitamente vinculado a um apoio—curativo, preventivo ou de promoção da saúde—mas sempre ao lado do Homem, como determina a nossa lenda de origem".

É importante também refletir sobre a competência da enfermagem como uma ação prática que dá suporte à vida humana, mas estendendo essa concepção, é importante reconhecê-la como um fazer profissional, único e absolutamente indispensável na área da saúde, cujos profissionais deverão sempre ter em mente a noção clara de sua atuação e de seu espaço profissional— assim como entender que ele se entrelaça em um contexto humano, que é também social e portanto político, mas também autônomo: não esquecendo que a responsabilidade da vida de cada um é do portador desta grande dádiva.

Considerando uma premissa fundamental no contexto da Ética da Enfermagem devemos lembrar que a enfermagem é única em sua especificidade, portanto, aos profissionais de Enfermagem (iniciantes ou não): saibam defender, valorizar e honrar sua profissão, porque isto está além da Ética: é o orgulho de ser enfermeiro. É uma atribuição mesma dos deuses a compreensão do significado de exercer a Enfermagem, que é: estar ao lado do Homem em sua jornada pela existência cuidando de seu bem estar, de sua vida e de sua saúde.






1 Extraído do Discurso de Paraninfo proferido na Sessão Solene da Colação de Grau as XLIV Turma da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2000 2 Professor de Ética e Filosofia do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Av. Bandeirantes, 3900 - Monte Alegre - 14040-902 - Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil. E-mail: clearib@glete.eerp.usp.br

* REICH, W.T. (ed.). "Care". IN: Encyclopedia of Bioethics, 2nd. ed., New York, Simon & Schuster Macmillan, 1995, v. 5

Blogroll